Utopia: Uma HQ para Relembrar (e aprender) a Revolução dos Cravos

Com texto de Raquel Varela e arte de Robson Vilalba, a HQ apresenta a Revolução dos Cravos numa linguagem acessível, unindo narrativa e aprendizado.

Utopia, lançado pela Editora Veneta em 2024, resgata um fato histórico pouco lembrado (e até mesmo, pouco conhecido) pela maioria dos Brasileiros: A Revolução dos Cravos.

Ocorrida em 25 de abril de 1974, a Revolução dos Cravos é um dos marcos mais importantes da história de Portugal, sendo responsável por colocar fim a uma ditadura que durava décadas, além de levar à independência de colônias no continente Africano. O movimento popular e militar trouxe liberdade política, o fim da censura, o início da democracia e profundas mudanças sociais.

Na trama, acompanhamos a vida de José, um homem comum que atravessa esse momento histórico. Da infância difícil à participação nas ruas durante a Revolução, José se torna não só testemunha, mas também parte das transformações coletivas que mudaram o destino do país. Sua trajetória simboliza milhares de anônimos que estiveram presentes nos protestos e que ajudaram a derrubar o regime.

A obra foi escrita pela portguesa Raquel Varela, historiadora, professora e pesquisadora nas áreas de ciências sociais e humanas; e ilustrada pelo brasileiro Robson Vilalba, quadrinista, sociólogo e jornalista, reconhecido como um dos principais nomes do jornalismo em quadrinhos no Brasil. A combinação entre história e sensibilidade artística resulta em um trabalho singular.

Em alguns momentos, a narrativa é apresentada por meio de narração, em vez de ser retratada por balões de fala — e, nesse ponto, acredito que a obra poderia explorar mais essa ferramenta.

A arte (que pessoalmente achei incrível!) possui traços soltos e expressivos, transmitindo a impressão de que o artista se preocupa mais em mostrar os cenários e criar a atmosfera da leitura do que em detalhar os personagens. Esse recurso pode reforçar a ideia de que a Revolução dos Cravos foi, sobretudo, um movimento coletivo.

Um ponto interessante é a forma como a HQ assume claramente uma perspectiva favorável ao movimento revolucionário, destacando seu papel libertador e de ruptura. Ao mesmo tempo, acredito que cabe ao leitor refletir que todo processo histórico envolve múltiplos lados e perspectivas. O roteiro cumpre bem o papel de informar e educar, mostrando a importancia da Revolução.

Mais do que um simples entretenimento, Utopia cumpre a função de educar pela arte, recuperando a memória de um acontecimento que merece ser constantemente revisitado.

Trata-se de uma leitura recomendada não apenas a quem aprecia quadrinhos, mas também a quem deseja compreender melhor um dos episódios mais marcantes da história contemporânea.

Por indicação da Dea (@deacatlover), aqui do Yellow, fiquei com vontade de conhecer também outra obra de Robson Vilalba: Um Grande Acordo Nacional, lançada pela Editora Elefante em 2021.

Utopia é um daqueles quadrinhos que deveria estar presente em todas as bibliotecas, especialmente nas escolas.

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