Será que medos e preconceitos podem criar malezas e abrir realidades paralelas?
O quadrinho Infiel, lançado nos EUA em 2018 e muito aguardado no Brasil, apresenta uma trama de terror envolvente do início ao fim. Trazendo além do terror discussões políticas e temas sobre preconceito racial e de etnia. Ao longo das mais de 150 páginas, somos levados a conhecer a vida da jovem Aysha que vive junto de seu companheiro em um prédio que foi alvo de um “ataque terrorista”.
Por si, só esses elementos já seriam suficientes para criar uma ambientação complexa sobre uma história de terror, porém adicione o fato de Aysha ser muçulmana e o atendendo que ocorreu em seu prédio ter sido obra de um Arabe. Conforme fui avançando as páginas, a história foi criando camadas, envolvendo personagens e histórias paralelas que só agregaram. Mesmo os quadrinhos de terror sempre apresentando dificuldade de envolver os leitores, pois diferente dos filmes onde tomamos sustos, aqui é uma mídia muda. Infiel é sensacional em trabalhar o horror, a angústia e o mistério, todos os elementos que fazem do terror algo fantástico.
Infiel sabe trabalhar diversos elementos simultaneamente, sem pesar a mão ou derrapar em nenhum dos pontos. Não à toa foi uma das grandes produções de 2018 e teve seus direitos adquiridos para virar filme ou série. Eu nunca fui fã de leituras de terror, mas tenho mudado meu pensamento sobre, e tenho gostado de explorar esse universo. O que mais me chamou a atenção foi o cuidado com que a história é trabalhada e como elas te influencia e engana aqueles mais desatenciosos. Aqui tu precisa estar ligado para não perder nada, piscou perdeu.
Se você curte terror, crítica social e um bom mistério, infiel é o quadrinho certo para você. Além de uma história cativante, temos uma arte sensacional que transita entre realismos e fantasia com maestria, além de cores vibrantes que representam bem a dinâmica da história.
Autores:
Pornsak Pichetshote é tailandês-americano e foi uma estrela em ascensão como editor do selo Vertigo, da DC Comics, onde trabalhou em quadrinhos perenes como Sandman e Monstro do Pântano. Os títulos nos quais esteve envolvido foram indicados a dezenas de prêmios Eisner, dos premiados Daytripper e O Inescrito (campeão de vendas na lista do jornal The New York Times) a queridinhos da crítica, como Sweet Tooth e O Soldado Desconhecido. Ele deixou a Vertigo para se tornar executivo na equipe de mídia da DC Entertainment, onde deu início e supervisionou o departamento de TV da empresa. Infiel é seu primeiro grande trabalho nos quadrinhos como roteirista.
Aaron Campbell trabalha como artista de quadrinhos há mais de uma década. Nesse tempo, ilustrou as aventuras de alguns dos personagens mais icônicos do mundo, incluindo Batman, Arlequina, James Bond, Sherlock Holmes, o Sombra e o Besouro Verde, em parceria com reverenciados roteiristas como Garth Ennis, Matt Wagner, James Robinson e Andy Diggle. Infiel é seu primeiro trabalho autoral.
Qual o teu medo?
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