Nova Editora Cyberpulp Comix Surge no Mercado de Quadrinhos Apostando em Obras Autorais e Influências Pop
- Carlos Pedroso
- há 4 dias
- 3 min de leitura
Em meio ao cenário cada vez mais diverso e competitivo das publicações independentes no Brasil, uma nova editora, CYBERPULP COMIX, chega para ampliar o leque de opções para os leitores. Fruto de um longo processo de planejamento, pesquisa e de uma paixão cultivada ao longo de décadas, o novo selo nasce da visão de Fernando Pintos Borges, leitor e entusiasta de quadrinhos desde a infância, que agora dá seu primeiro passo oficial no mercado editorial.

Em conversa com o Yellow Talk, Fernando contou que a ideia de criar uma editora o acompanha desde muito antes de se tornar um projeto concreto. “A editora vem de muito tempo de planejamento e pesquisa. A ideia em si provavelmente estava lá desde que abri o primeiro gibi. Mais recentemente, com a pulverização de editoras e publicações, comecei a considerar colocar em prática algo que sempre quis: trazer aqui os quadrinhos que gostaria de ver publicados. Passou também por alguns questionamentos pessoais que surgem com a idade, como o de qual legado deixamos.”
Uma linha editorial guiada pela cultura pop
A nova editora não tem interesse em se limitar a um único nicho. Pelo contrário: seu catálogo pretende refletir o repertório diversificado de Fernando, marcado por cinema, música, TV e por referências que moldaram sua formação cultural.
“Gosto de muita coisa. Cinema, música e televisão são, sem dúvida, as maiores influências. Cold War, do John Byrne, é muito cinematográfica, e a biografia do Hitchcock dispensa comentários. Para janeiro, chega Cowboy Bebop, na minha opinião, o melhor anime de todos os tempos.”

Crescido nos anos 80, Fernando cita séries de TV americanas e japonesas — faroestes, sci-fi, tokusatsu e gibis populares da época — como elementos que permeiam suas escolhas editoriais. “Podem parecer desconexas, mas, no fundo, têm a mesma origem: histórias divertidas, visualmente interessantes e cheias de referências pop.”
Desafios de quem estreia no mercado editorial
Apesar do entusiasmo, Fernando reconhece que começar do zero exige resiliência. “No começo, como em qualquer negócio, tudo é muito difícil. Temos que construir credibilidade com os donos das obras para licenciar, com os fornecedores para produzir e com o público para vender.”
Ele explica que muitas editoras estrangeiras hesitam em licenciar obras para empresas novas e que o público brasileiro, com razão, é cauteloso com novos selos após anos de promessas não cumpridas por iniciativas anteriores. Além disso, a localização no interior do Rio Grande do Sul acarreta desafios logísticos: “O frete fica mais caro para todo o Brasil, e esse ritmo lento de retorno acaba sendo um dos principais fatores de dificuldade.”
O futuro: obras fechadas e curadoria emocional
Mesmo diante dos obstáculos, Fernando demonstra otimismo e clareza ao falar sobre os próximos passos. A editora já possui títulos contratados e pretende, neste início, focar em obras fechadas, especialmente volumes únicos, evitando séries longas até consolidar sua atuação.
“Temos alguns títulos já fechados e não pretendemos pegar nenhuma série longa nestes primeiros passos. A prioridade será dada a obras fechadas. Estou sempre buscando oportunidades e acredito que estamos olhando para títulos inéditos de maneira diferente.”
A curadoria seguirá um critério pessoal, quase afetivo: “O quadrinho não precisa ser americano ou europeu. Ele tem que me tocar quanto ao conteúdo e ao visual. Se eu não me emocionar com um título, não tem por que lançá-lo.”




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