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  • Foto do escritorCarlos Pedroso

Medo e delírio na "Gibisfera"

Atualizado: 14 de fev. de 2023



Há muito sabemos que existe uma corrente crescente na gibisfera seja de leitores, editoras e “Influencers” de que vivemos tempos áureos devido a quantidade de publicações que saem no Brasil. Ai que entra a parte do delírio das editoras em acharem que estão surfando na crista da onda e por isso podem cobrar os preços proibitivos que todo mundo vai comprar, ledo engano, o que temos visto são editores com tentando empurrar a fórceps pré-vendas de quadrinhos na sua faixa de 200 reais, criticando quem não faz pré-venda e ameaçando que não terá mais descontos. Será mesmo que não teremos mais descontos? Aí entra o delírio do leitor em achar que tudo que sai é para ele, que sem esse “petardo”(petardo pra mim era quando acertar uma bola linda no gol) ele não vai viver? Será mesmo que não vamos viver se não lermos os últimos lançamentos? Aí vamos aos delírios dos “influencers” (eu me incluo nesse) recebem quadrinhos para fazer marketing de permuta para as editoras e se sentem o rei ao postar seus recebidinhos(esse eu não faço) para alimentar um ego infinito entre receber, postar e exibir sem ao menos debater a obra. Esse comportamento tanto de leitores, editoras e influencers, tem criado bolhas cada vez mais nichadas ao ponto de você, que está iniciando seja em qualquer uma dessas categorias, ficar ilhado por não fazer parte do clubinho imposto por uma galera que se acha o superior.





Vamos aos medos da gibisfera e como isso está matando ou desestimulando uma grande parte de quem tenta fazer parte desse “Grupo”. Muitos dos leitores acabam por se endividar ou mesmo deixar de fazer outras coisas para comprar quadrinhos (já falei sobre isso, no primeiro programa, não ouvir? ah, dá essa chance, está no site) e têm o sentimento de pertencimento. Para isso alguns acabam virando fã de editoras e zumbis de influencers, sem questionar nada e muito menos raciocinar sobre. Esse medo de ficar de fora faz com que entrem em um ciclo vicioso de consumo e idolatria muito perigoso. Vamos ao medo das editoras, essas na minha opinião são as que menos tem medo, visto que comandam quase que em forma de cartel o “universo de quadrinhos Brasileiros”. Para elas não tem tempo ruim, sempre tem espaço para mais um lançamento, sempre tem algo imperdível que você, eu temos que ler. O grande medo das editoras, que deveria ser sua grande virtude, é que os leitores pensem e comecem a entender que não precisam de tudo para participar de algo, que a leitura deve ser um ato de prazer para si, não uma competição. Quando ouvimos editoras/editores dizer que o preço vai aumentar, que não tem desconto que se não comprar na pré-venda acabar, eu me sinto chantageado, sinto que estão tentando forçar a barra comigo.


Vamos ao medo dos influenciadores, esse merecia um capítulo a parte, os gibituber, instagramers, ou seja lá como se autodenominam, morrem de medo de parar de ter o recebidinho das editoras e por isso muitas vezes se sujeitam a “Falar bem” de um quadrinho com medo de não receber mais material da editora x ou y. Eles perdem o senso crítico apenas atribuem uma nota e falam que é algo imperdível que todos deveriam ter, que é obrigatório na coleção, será mesmo? Além disso, acabam criando uma reação em cadeia, pois seus comentários influenciam outras pessoas a adquirir o material mesmo que não conheçam. O papel do influenciador quanto ao produtor de conteúdo é apresentar sua perspectiva sobre determinada obra e como foi sua leitura, gostar ou não gostar faz parte do processo, nem todas leituras vão agradar a todos. Usar sua influência para só falar bem, não apresentar um senso crítico com medo de perder parcerias, é mau caráter de marca maior. Ouço relatos de gente que cobra para falar bem de determinadas obras, precisa? Se a obra for realmente boa ela por si só já se vende, não precisa ninguém ficar elogiando de forma artificial.





Dito tudo isso, chego a conclusão que o medo e delírio na gibisfera é como o filme de Johnny Depp onde eles embarcam em uma viagem, acham que o mundo é sempre de céu azul onde na verdade ele acaba caindo em várias ciladas. É como as pessoas na gibisfera que acham tudo lindo e maravilhoso não criticam nada, não expressam qualquer tipo de opinião contrária a esse movimento que se criou. É preciso que tenhamos cabeças pensantes para enfrentar esse desafios e desatar as amarras criada por uma meia dúzia que se julgam donos do “mercado” (eu chamo de "cena”) de quadrinhos no Brasil, sejam editores, leitores, artistas ou influenciadores, todos precisam pensar ou repensar o seu papel.


*Esse texto não expressa a opinião de todos os membros

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