Entrevista com P. R. Soliver falando sobre Azulventura
- Carlos Pedroso
- 31 de mar.
- 4 min de leitura
Nos últimos anos, a cena dos quadrinhos independentes no Brasil tem se destacado com obras criativas e autorais, mostrando a versatilidade e a paixão de seus artistas. Entre esses talentos, encontramos P. R. Soliver, criador de Azulventura, uma história que nasceu de forma despretensiosa, mas que carrega influências marcantes e uma abordagem única à linguagem dos quadrinhos. Nesta entrevista para o Yellow Talk, conversamos sobre suas inspirações, desafios na produção de HQs e sua visão sobre o cenário nacional.

De onde surgiu a inspiração para criar Azulventura? Houve algum momento ou referência específica que impulsionou o início desse projeto?
Esse projeto é antigo. Foi criado para participação de um concurso de quadrinhos dentro do curso onde eu estudava. Tinha apenas 10 páginas e era bem simplório. Eu queria participar, mas não sabia o que fazer. O personagem surgiu a partir de uma arte que vi de um artista que, infelizmente, não me lembro o nome. Era uma ilustração de um Homem de Ferro em estilo cartoon que me chamou muita atenção. Gostei do visual e criei Azulventura com essa referência em mente.
Quais foram suas principais influências ou referências durante o processo de criação do quadrinho? Algum artista ou obra em particular serviu de guia, ou inspiração?
Por incrível que pareça, minha maior influência na construção do personagem é um episódio ou filme do Ursinho Pooh, não me lembro exatamente qual. Nele, o Leitão, por se achar pequeno e sem nada especial ou heroico, atravessa uma floresta triste, mas acaba ajudando sem perceber criaturas menores que ele, tornando-se um herói sem se dar conta. Outra grande inspiração é Imbatível, do Pascal Jousselin. Fico fascinado com como ele usa a linguagem dos quadrinhos de maneira inovadora.
Na sua opinião, o que é mais desafiador ao produzir um quadrinho: escrever o roteiro ou desenvolver a arte? Por quê?
A parte mais desafiadora é criar o roteiro. Acredito que ele é o que mantém o leitor envolvido na história. Por isso, precisa ser feito com muito cuidado para garantir que a narrativa seja cativante do início ao fim.
Quais artistas ou quadrinistas você gosta de acompanhar e que, de alguma forma, influenciam ou dialogam com o seu trabalho?
Um artista que acompanho e admiro muito é o Sean Galloway. Gosto do estilo cartoon que ele usa e da forma como constrói a arte dos personagens.
Como você enxerga o cenário atual dos quadrinhos brasileiros? Quais são, na sua visão, os principais desafios e pontos fortes da produção nacional?
Bom, não sei se sou a pessoa certa para falar sobre o mercado de quadrinhos, mas acredito que ele é bem promissor. Existem muitos trabalhos ótimos e muito bem feitos sendo produzidos. A quantidade de eventos crescendo e lotados é um ótimo sinal de que o interesse pelos quadrinhos nacionais está em alta.
Para finalizar, poderia indicar três obras que leu recentemente e que te marcaram ou te inspiraram de alguma forma?
Sim! Recomendo Imbatível, que é muito divertido e tem uma abordagem incrível sobre a interação com os quadros. Também gosto muito de Quadrinhos A2, de Paulo Crumbim e Cristina Eiko. A arte e as histórias deles são maravilhosas. E, por fim, Crisálida, de Vinicius Velo, que tem uma arte linda e uma narrativa muito envolvente.
Sinopse de Azulventura
Azulventura apresenta um herói improvável que não sabe quais são seus poderes, precisando lidar com fortes chuvas em uma cidade que não está preparada para recebê-las, principalmente pela falta de cuidados com o lixo produzido. Ele é acompanhado por um pequeno dragão roxo tagarela, que ora o aconselha com bom humor, ora com firmeza. Além da história principal, a obra resgata e reedita tiras incríveis publicadas por P. R. Soliver na web, dando continuidade a um personagem que já tem mais de uma década de história!
Posfácio
Marina Prado Melchior, bóloga formada pela UNICAMP, Mestra em Zoologia pela USP e voluntária na ONG Sea Shepherd Brasil, escreve o posfácio abordando a relação entre o lixo, o consumo desenfreado e o modo de produção voltado ao lucro com as chuvas e alagamentos.

Sobre o autor
P. R. Soliver é um quadrinista carioca com mais de 20 anos de experiência atuando como desenhista, arte-finalista e colorista. Trabalhou em RESIDIUUM vol. 1 e na produção de Motion Comics para o jogo Residiuum: Tales of Coral, ambos da IRON Studios. Também ilustrou as Derretirinhas do Berry, do estúdio MattosBox, publicado pela Mistifório, e foi desenhista de Duodec e A Guará, onde atuou como arte-finalista da premiada série Ecos. Soliver também editou quadrinhos para o Funktoon e venceu o concurso Hamzanama de quadrinhos na Índia em 2022.
Sobre a Editora Mistifório
A Mistifório é uma editora independente que produz obras brasileiras inéditas com artistas diversos, sempre utilizando as especificidades da linguagem para disputar o imaginário dos leitores. Criamos obras divertidas, críticas e potentes, procurando espalhar a linguagem para além do território comum. A Mistifório é uma confusão de boas ideias!
Apoie o projeto: Título: Azulventura
Roteiro e desenho: P. R. Soliver
Editor: Alexandre Esquitini
Páginas: 56
Cores: Colorida
Capa: Brochura
Revisão: Camila Loricchio
Catarse: www.catarse.me/azulventura
Data Catarse: De 20/02 até 05/04 (45 dias)
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