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Andei por entre as frestas e te trouxe flores, pedras e algumas miudezas, quando juntos podemos mais




Andei por entre as frestas e te trouxe flores, pedras e algumas miudezas é com certeza o quadrinho com maior título da minha coleção! E na semana de comemoração pelo Dia do Quadrinho Nacional aqui no Ultimato do Bacon vou tentar contar um pouquinho dessa história pra você.


Mas como ela é uma publicação difícil de descrever. Vou fazer o melhor possível para te contar o quanto eu gostei e por que eu quero que você leia tá?

Publicado pela editora Mino, Andei pelas frestas e te trouxe flores, pedras e algumas miudezas é uma obra que entrelaça realidade e ficção de uma forma que você não consegue mais dissociar durante a leitura. E que leitura que Paulo Crumbim nos proporciona com esse projeto.




Apresentada na sinopse como uma “investigação sobre o atual momento do país”, o álbum é uma junção de poesia, eventos reais e até memes em uma estrutura surreal que se parece menos com uma história e mais com um sonho. Por mais estranho que pareça, é isso o que torna essa obra tão cativante. Um lançamento altamente recomendado para quem curte algo experimental.

Diante de um total caos político contemporâneo que a gente viveu há pouco tempo atrás, o quadrinho leva o leitor diretamente para uma fábula, onde a ficção apresenta a verdade nua e crua da realidade. E é só assim que a gente passa a acreditar que aquilo aconteceu mesmo.


Paulo Crumbim junta-se ao grupo de quadrinistas cujas obras se lançaram ao desafio de comentar de maneira subjetiva o momento em que vivemos e que espero que tenha ficado para trás para sempre.




Em algo que se assemelha a uma aparente confusão estética, a narrativa é muito bem conduzida pelo autor, que coloca aqui todos os anseios, angústias e tensões de um país à beira do colapso. É um trabalho ousado, que faz um uso inteligente e provocativo da linguagem dos quadrinhos para avançar com muita segurança no território da arte contemporânea.


Rememoramos crises políticas brasileiras recentes, desde o impeachment que antecipou o fim da presidência da primeira mulher eleita pelo país. Um ato final de um período de turbulência que se arrastava havia anos.

Crumbim fala ainda sobre a eleição de 2018, seus candidatos e os fatos que antecederam e que levaram a esta situação inacreditável de falta de empatia que estamos vivendo.





Temos ainda detalhes sobre o desabamento do prédio Wilton Paes no Centro de São Paulo e o parto de um bebê, que aconteceu dentro de uma parede durante uma ação dos poderes públicos para uma demolição na Cracolândia.


São histórias que mantém ao mesmo tempo uma conexão estreita com a realidade, mesmo se tratando de uma ficção em narrativa gráfica.

Ah mas é um quadrinho político? Quadrinhos são políticos, mesmo que você não goste ou não aceite, a realidade não se modifica por isso, quadrinhos e as outras obras humanas serão sempre políticas!





Paulo Crumbim nos presenteia com histórias nascidas diretamente do caos social e político nacional recente. A HQ dá uma aula sobre como a linguagem dos quadrinhos pode e deve ser aproveitada para trazer temas sociais ao debate.

Na minha opinião, é um quadrinho interessante e necessário, uma obra que nos proporciona uma maneira de compreender como e por que chegamos onde estamos, mas que ao mesmo tempo me deu esperanças de que podemos mudar o rumo desse país com atitudes individuais que pensem mais no coletivo.

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