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  • Foto do escritorRonaldo Gillet

Quase Tudo São Flores: a perfumada jornada autobiográfica de Karipola


Existem hqs que parecem feitas pra determinados leitores. Elas são como aquele sapato que encaixa perfeitamente no pé, como o sal adicionado na medida à porção de batata-frita ou como um solo de guitarra que começa e se encerra no tempo certo - fazendo o entusiasta do bom e velho rock n’ roll sentir-se afagado pelo som que acabou de reverberar em sua caixa craniana.

Quase Tudo São Flores, lançada no finalzinho de 2023 pela editora Black Eye Estúdio, é a primeira hq da paraense Karina Pamplona. O quadrinho emula cada uma das sensações descritas no parágrafo anterior. Durante uma live no canal do Youtube do Yellow Talk (clique aqui para conferir), a autora deu a entender que seu quadrinho autobiográfico foi um ato despretensioso, regado com doses generosas de amor e carinho plantado em seu coração por sua avó, a Dona Celeste, co-protagonista desse emocionante trabalho.



De acordo com os dicionários da língua portuguesa, a aversão patológica, repulsão ou temor mórbido a flores se chama ‘antofobia’. Na hq, Karipola não relata sentir ou ter sentido algo tão extremo ao deparar-se com um jardim florido, mas precisou vencer a aversão que nutriu durante boa parte de sua vida às plantas que embelezam jardins, meios-fios e floriculturas.

Tudo tem uma explicação. Karipola sabe bem disso e nos faz entender seu (quase) trauma ao mostrar-se avessa a meias-verdades, expondo, sem medo de ser feliz, seus sentimentos ante uma sociedade enraizada nas sombras do patriarcado e do machismo. Esse não é meu lugar de fala, mas, basta olhar para os lados para observar o quão deve duro para quaisquer mulheres fazer parte de um mundo culturalmente afeiçoado a estereotipar tudo o que cerca o feminino.




Em meio aos causos contados no quadrinho e que a levaram a se redimir com aquilo que sua avó mais ama, a autora derrama sobre nós - como quem faz derruba sobre seus leitores uma chuva de pétalas de rosas - os anseios por ser o tempo todo cobrada para ser útil, em todas as esferas de sua existência.

Para os mais experientes (ou não) com o universo das histórias em quadrinhos, temos uma daquelas jornadas gráficas de reflexão que todo amante da nona arte deveria fazer - mesmo que fosse de tempos em tempos. Talvez sua praia sejam os super heróis, anti-heróis do western ou mesmo a filosofia sci-fi dos quadrinhos de Jodorowsky, mas o que posso dizer é: permita-se conhecer mais hqs autorais como a citada nesse texto, pelo bem de um enorme jardim chamado nona arte. Gostou do nosso conteúdo? Que tal apoiar o Yellow Talk? O Yellow também é podcast, e seu apoio pode ajudar o nosso trabalho a crescer cada vez mais. A partir de R$2,00 você já vai estar contribuindo para manutenção do nosso programa. Para dar o seu apoio, basta clicar AQUI.



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