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Más Companhias: A arte de transformar dor em narrativa

  • Foto do escritor: Carlos Pedroso
    Carlos Pedroso
  • há 52 minutos
  • 2 min de leitura

Sabe aquela leitura que te marca profundamente, desperta sentimentos que você nem quer revisitar e te faz refletir sobre a própria vida? Más Companhias é exatamente esse tipo de obra. Costumo dizer que certos quadrinhos exigem um estado de espírito tranquilo e confortável para serem lidos porque, se você já estiver passando por um momento difícil, a leitura pode pesar ainda mais. Não porque o quadrinho seja ruim; muito pelo contrário. Está entre as melhores leituras que fiz em 2025. Mas a intensidade com que faz você pensar e a facilidade com que nos coloca no lugar da protagonista acabam por reviver emoções conflitantes.


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Escrito e magistralmente desenhado por Ancoo, Más Companhias é uma obra que praticamente grita para ser ouvida. Com uma narrativa que mistura autobiografia e ficção, o quadrinho aborda temas como violência familiar, amizade e, principalmente, os costumes culturais de uma Coreia dividida entre conservadorismo e crise econômica. A estrutura não linear da história transforma completamente a experiência de leitura: passado e presente se alternam, às vezes se fundem, criando uma simbiose que prende a atenção do leitor e reforça cada detalhe. Nada aqui é gratuito. Ancoo trabalha com elementos que parecem, por vezes, surrealistas, mas que, no fim, refletem a crueza de uma realidade cultural muito distante da brasileira.


Imagem interna do quadrinho
Imagem interna do quadrinho

Ambientada no final dos anos 1990, a história nos transporta para uma Coreia em transição, onde a jovem Jinju enfrenta abusos constantes tanto em casa quanto na escola. Violência física, humilhação e pressão psicológica fazem parte da sua rotina. O único alívio surge nas tardes ao lado da amiga Jeong-ae, entre cigarros, álcool e desabafos. Essa dualidade dita o ritmo do quadrinho: momentos que parecem sóbrios e sem perspectiva se transformam em lampejos de otimismo, porque, apesar de tudo, Jinju insiste em acreditar em dias melhores. Embora seja uma autobiografia, o leitor nunca sabe ao certo o que é realidade e o que ficção, e é justamente aí que reside um dos maiores encantos da obra. Os elementos se entrelaçam de tal forma que a fronteira entre ambos se torna praticamente invisível.


Com uma narrativa poderosa e um traço deslumbrante, Más Companhias carrega o peso de uma cultura em que a indisciplina é frequentemente “corrigida” com violência e abuso, e em que a esperança acaba por se tornar um ato de resistência. Ancoo nos conduz por esse universo duro e, ainda assim, profundamente humano, fazendo com que nos conectemos às personagens e genuinamente nos importemos com elas.



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