Bienal de Quadrinhos de Curitiba 2025: quatro dias que celebraram a nona arte
- Carlos Pedroso
- há 1 minuto
- 3 min de leitura
E assim se despediu mais uma Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Foram quatro dias de pura intensidade, de 04 a 07 de setembro, em que a cidade se tornou o palco da nona arte. Com esta já somamos oito edições de um evento que cresceu, amadureceu e se consolidou como referência nacional, um encontro que merece todo o respeito e precisa estar marcado, em letras coloridas, no calendário de cada leitor apaixonado por HQs.

Durante esse período, Curitiba literalmente respirou quadrinhos. Os corredores pulsavam com a energia da feira, os palcos se enchiam com vozes inspiradoras nos painéis e oficinas, as mesas ficavam lotadas de artistas com seus sorrisos, traços e histórias para compartilhar. Foi uma explosão de criatividade em todas as direções. E, para quem esteve presente, cada segundo valeu. Valeu cada conversa inesperada, cada foto guardada como lembrança, cada autógrafo que eterniza encontros, e até os pequenos perrengues que fazem parte da jornada de quem acompanha e cobre o evento. No fim, até eles se transformam em parte do encanto.
Este ano, consegui estar presente em três dos quatro dias, só não fui na sexta-feira. Mas nos outros momentos vivi a Bienal em sua plenitude. Revi amigos, criei novos laços, conheci pessoalmente pessoas que antes só existiam no mundo digital. E isso, talvez, seja o maior presente de um evento como esse: perceber que os quadrinhos não são feitos apenas de papel e tinta, mas também de encontros, de olhares cúmplices, de abraços apertados, de afetos que aquecem o coração.
Mais do que uma feira, a Bienal é um espaço de conexão. É ali que artistas e leitores se encontram, que ideias circulam, que fronteiras se dissolvem. Nesta edição, tivemos desde nomes já consagrados até talentos independentes que surpreenderam com materiais incríveis. O Brasil inteiro estava representado de norte a sul, do litoral ao sertão, provando a riqueza e a diversidade da produção nacional. E, como se não bastasse, autores internacionais trouxeram novas perspectivas, mostrando que a linguagem dos quadrinhos é universal, atravessa culturas e carrega experiências de vida que nos aproximam mesmo na distância.
A mudança de espaço, que no início gerava dúvidas e até um certo saudosismo do antigo local, mostrou sua força. Conhecer novos cantos da cidade através da Bienal foi uma experiência por si só. Conversando com amigos e artistas, percebi que a maioria aprovou a transformação. No meu caso, mesmo sentindo falta da intimidade do espaço anterior, saí convencido de que essa transição abriu horizontes e deu à Bienal uma nova cara, mais ampla e vibrante.
Claro, como todo grande evento, nem tudo foi perfeito. Em alguns momentos, o calor dentro dos espaços foi intenso demais, faltaram cadeiras para o público descansar, e as opções de alimentação poderiam ser mais variadas. Na quinta-feira, a iluminação externa não funcionou bem, embora tenha sido corrigida nos dias seguintes. E, numa nota mais pessoal, senti falta de um carinho maior da organização com a imprensa. Mesmo tendo recebido a credencial, diferente de outros anos, nenhum dos conteúdos produzidos por mim e por tantos colegas dedicados foi compartilhado oficialmente. Uma pena, porque isso limita o alcance da Bienal para além dos muros do evento. Mas, ainda assim, essas questões não tiram o brilho. No máximo, lembram que sempre há espaço para melhorar.
O que realmente fica é a força da experiência coletiva. Foram dias em que Curitiba se transformou em território da imaginação, onde adultos e crianças, veteranos e novatos, fãs e curiosos compartilharam a mesma paixão. A Bienal não é apenas sobre gibis: é sobre histórias, sobre encontros, sobre acreditar que a arte pode nos oferecer futuros possíveis, mais criativos, mais humanos, mais diversos.
Ao final dos quatro dias, aquele conhecido gostinho de quero mais nos acompanha na volta para casa. Uma saudade instantânea de algo que acabou de terminar, mas que já deixa expectativas para a próxima edição. Para mim, este ano foi uma virada. A Bienal de Quadrinhos de Curitiba mostrou sua capacidade de se reinventar, de crescer sem perder a essência, de nos emocionar e inspirar.
E que privilégio é poder fazer parte dessa história. Porque, no fim das contas, a Bienal é sobre pessoas e suas narrativas nos livros, nas bancas, mas principalmente no coração de quem vive cada edição.
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