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  • Foto do escritorRonaldo Gillet

As dores e as delícias de dois debutantes na CCXP


Minha primeira CCXP - a de 2023, com pompa de celebração pelos 10 anos da primeira edição - foi como uma espécie de gravidez quase planejada. Junto com minha esposa, calculei o investimento financeiro para “viver o épico”, partindo de Belém do Pará, no extremo Norte do Brasil, e acabamos comprando juntos a ideia de concretizar essa viagem.

Ao longo deste relato, buscarei resumir o que vivi durante o evento e se valeu a pena caminhar pelos pavilhões do São Paulo Expo durante quase nove horas por dia na quinta, sexta, sábado e domingo do maior evento de cultura pop da América Latina.

Acesso (quase) negado!

Como jornalista de formação e criador de conteúdo relacionado à cultura pop desde 2022, tentei me credenciar como ‘imprensa’ para o evento - mesmo sabendo que a resposta pelo deferimento (ou não) só seria divulgada menos de um mês antes de a CCXP começar. Diante disso (já sentindo que o credenciamento não seria concretizado), optei pela compra dos ingressos de quatro dias para duas pessoas.



A intenção seria curtir o tal “épico” e cobrir como imprensa (para as minhas redes sociais e para o Yellowtalk), já estando lá dentro. Com grana curta devido às inúmeras intercorrências que atravessaram o meu caminho ao longo de 2023, corri atrás de apoiadores para o projeto que intitulei “O Véio Nerd na CCXP”. Não fosse por essa “carta na manga”, os valores para hospedagem e passagens aéreas seriam um impeditivo para que a viagem fosse concretizada.

Com o credenciamento indeferido e patrocínios debaixo do braço, viajamos na antevéspera do evento - um vôo cansativo, aliás, com duas conexões (Brasília-DF e Belo Horizonte-MG) regadas a saquinhos de pipoca e água servidos pela companhia aérea Latam. Chegando ao ótimo hostel onde escolhemos ficar, localizado no bairro da Liberdade, cercado de cultura japonesa por todos os lados, era hora de controlar a ansiedade e relaxar.

Devidamente descansados de corpo e mente, tomamos um café da manhã reforçado e, por volta de 10h, partimos para o nosso primeiro dia de CCXP. Seguindo as orientações colhidas em um vídeo publicado por um dos sócios do Omelete, pegamos um metrô no bairro da Liberdade com destino à estação Santos/Imigrantes, onde tomamos o ônibus gratuito para o São Paulo Expo. Deu tudo certo. Chegamos ao local às 12h, passamos por uma fila de inspeção de mochilas, seguimos o fluxo e, por volta de 12h45 já estávamos do lado de dentro.

Impacto profundo!



Haja coração! Entrando no pavilhão da CCXP, desaguamos no Artists' Valley, dando de cara com ninguém menos que a lenda Roy Thomas autografando exemplares de Conan e alguns prints. Fiquei um minuto de meio paralisado olhando aquele destemido e sorridente em contato com os fãs de várias gerações.

Sem um planejamento quanto ao que faríamos a partir da chegada no evento - mesmo após ouvir algumas dicas de um casal de amigos paraenses que também viajou pra capital paulista -, minha esposa e eu decidimos andar livremente por onde fosse possível, tirando o primeiro dia para mapear o evento e “deixar fluir”. Para esse primeiro primeiro dia, foi a melhor decisão que tomamos.

Com algumas horas circulando pelo local, cruzando com cosplayers e dando de cara com enormes filas para acessar os painéis da Warner, Amazon, Netflix, Globoplay, HBO e tantos outros, entendemos que a nossa CCXP seria feita de escolhas e abdicações, sendo impossível acessar todos esses espaços.

Nesse primeiro dia, conseguimos entrar e realizar duas ativações de painéis da Warner. No primeiro, temático de Harry Potter, possamos pra fotos colhendo ‘mandrágoras’ de vasos em uma estufa encantada para depois ganharmos pôsteres do game ‘Hogwarts Legacy’. Depois, em um painel que emulava uma prisão de Gotham, nos sentimos na pele, durante cinco minutos, de vilões do Homem-Morcego - e também posamos pra fotos.



Depois dessas experiências, voltamos ao vale dos artistas pra tentar algumas entrevistas. Consegui gravar com a autora Luiza Lemos, de ‘Boy Dodói’ e com Rafael Calça, das hqs de ‘Jeremias’, do selo Graphic Novel MSP. No mais, passeamos de mãos dadas, tomamos um dos milk-shakes mais caros das nossas vidas e visitamos o calorento Magic Market, onde estavam instalados estandes das editoras Pipoca e Nanquim (com uma fila quilométrica pra quem pegou senhas pra pegar autógrafos do mangaka Junji-ITO) e Comix Zone e o da loja Mundos Infinitos, entre outros.

Andei, andei, andei…

Cansados das longas caminhadas pelo São Paulo Expo nesse ‘day one’, voltamos de metrô, rumo ao hostel já nos perguntando se conseguiríamos fazer tudo tudo o que pretendíamos, afinal, a ‘Véia Nerd’ ainda se planejou para que, durante dois dias, estivéssemos desfilando como cosplayers pela CCXP. Topei fazer um: encarnando o Joker do Joaquin Phoenix, no segundo dia de evento.

Nesse segundo dia, driblando o calor da tal “fervura global” que assolava São Paulo e o resto do mundo e enchendo uma garrafinha com água nada gelada nos bebedouros espalhados pelo lugar, consegui autógrafos de autores como a excelente Léa Murawiec, de O Grande Vazio, trazida pela Comix Zone; e de John Romita Jr. em minha edição de 60 anos de Spider Man e do Roy Thomas, entre outros.



Ainda peguei autógrafos e consegui entrevistas com autores nacionais como a Bilquis Evely, artista de Supergirl - Mulher do Amanhã; Guilherme de Sousa, do Xaveco (Graphic Novel MSP) e com o Lobo e o Gidalti Júnior, da Editora Brasa, garantido edições de Lovistori e Castanha do Pará (este com relançamento no evento) para a minha coleção.



Desistimos de enfrentar as intermináveis filas para a maioria dos painéis até o último dia - uma regra de sobrevivência que criamos juntos. Passamos um sábado extremamente calorento no São Paulo Expo, trocamos ideias e conhecemos pessoalmente vários produtores de conteúdo, com os quais estávamos mantendo contato, até então, apenas pelas redes sociais. Chegamos à conclusão de que o melhor da CCXP está nos relacionamentos que construímos durante o evento, nas conversas longas e nas conexões feitas ao longo dos dias em que estivemos lá.

Épico ou não épico? Eis a questão!

É humanamente impossível manter o pique até o último dia do evento, que vai das 11h às 20h. Mesmo com nosso planejamento de retornar à capital paraense somente três dias após o encerramento, é desgastante cogitar explorar São Paulo nos dias seguintes, ainda que tenhamos conseguido fazer isso de maneira um tanto tímida.



É necessário considerar o desejo de estar na CCXP por quatro dias ou se dois seriam suficientes. Principalmente se você, assim como eu, valoriza mais o ambiente do Artists' Valley do que desembolsar cerca de R$ 300 para tirar uma foto com artistas como o Aquaman Jason Momoa e o Willi Wonka Timothée Chalamet, que marcaram presença na edição de 2023. Principalmente após as inúmeras dúvidas antes de acontecer, devido às greves do sindicato dos atores e dos roteiristas que terminaram semanas antes da CCXP23 começar.

No entanto, a questão que permanece é: toda a agitação da CCXP 2003 valeu a pena para a Véia e para o Véio Nerd? Acredito que sim, embora tenhamos a certeza de que, para repetir a experiência em 2024, algumas expectativas precisarão ser deixadas em Belém, e o planejamento terá que ser ainda mais minucioso. Sem falar que existe vida nerd em outros eventos pelo Brasil e precisamos desbravar esses territórios também.


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