Para o nerd Millennial que vos escreve, somente o fato de finalizar um jogo quase irretocável que tem como protagonista um (ou dois) dos maiores ícones super heroicos de todos os tempos, por si só, deveria ser considerada uma experiência única. Porém, zerar Spider-Man 2 revezando o controle com meu filho Samir - um adolescente de 15 anos que sempre foi um entusiasta do ‘aranhaverso’ -, tornou nossas quase 25 horas até platinar (fechar com 100%) o game uma jornada da qual nos lembraremos, certamente, por muito tempo.
Antes de tentar te convencer (com fatos, porém sem spoilers) do porquê de esse ser um jogo de herói entre os melhores já feitos, é preciso te contar que, atualmente, no mundo dos games, a franquia é desenvolvida pela competente Insomniac Games (de Sunset Overdrive, Ratchet & Clank e do futuro game do Wolverine) e publicada pela Sony, com direito a um universo próprio.
Também é importante pontuar que existem diferenças consideráveis no comparativo entre o jogo e o cânone quadrinhístico do aracnídeo edificado ao longo das últimas seis décadas. Nesse universo concebido há menos de uma década, as perdas de Peter Parker e Miles Morales são um pouco diferentes, assim como as origens de alguns dos vilões.
Desde o primeiro Spider-Man, de Playstation 4 (2018), passando pelo game com cara de DLC, protagonizado por Miles Morales (2020), uma legião de fãs passou a aguardar por mais games se passando na realidade do game, a Terra 1048 - citada até mesmo na animação ‘Homem Aranha Através do Aranhaverso’.
Eis que no dia 20 de outubro essa espera acabou, com a continuação da aventura chegando aos ssds de quem possui um PS5 e que - assim como eu - devem ter pensado muito se valeria investir entre R$ 300 e R$ 350 reais para, mais uma vez, se dependurar pelas ruas de Nova Iorque combatendo o crime e os vilões icônicos que só o “teioso” possui. Sim. Vale e MUITO o investimento.
Novos vilões, bairros e habilidades
Diferente do primeiro game, quando Dr. Octopus é a maior ameaça à vizinhança (além de parte do Sexteto Sinistro), agora temos Kraven, o Caçador; e Venom como perturbações mais constantes ao sossego dos novaiorquinos. Mas, esses e outros vilões recorrentes ao longo da gameplay não contavam com a astúcia de dois spiders trabalhando juntos.
A sinergia entre Miles e Peter ao longo das primeiras horas do game é de arrepiar. Você agora pode fazer upgrades nas habilidades dos personagens tanto individualmente quanto para uso durante o trabalho em equipe. As asas de teia também são uma adição e tanto. Agora é possível voar pela megalópole mundial passando por correntes de ar, alcançando até mesmo bairros como o Brooklyn e o Queens, que não estavam presentes nos últimos jogos.
Em Spider-Man 2, também é possível aparar os golpes de inimigos mais fortes e executar combos insanos à medida em que a árvore de habilidades dos personagens vai ampliando suas ramificações, possibilitando ao jogador a (quase) real sensação de ter superforça, sentido aranha e habilidade para derrotar hordas de assaltantes ou fanáticos por causas nada voltadas ao bem-estar social.
Profundidade dos personagens
Um dos pontos altos desse jogo é a relação entre seus protagonistas, com camadas sobre camadas sendo construídas durante as missões primárias ou secundárias. Seja quando o Peter pensa ao se distanciar do seu melhor amigo (Harry) e de seu par (MJ), ou quando Miles deixa sua mãe de coração apertado, todas as escolhas emocionais que temos aqui foram pensadas com muito carinho pelos roteiristas.
Algo que me fez refletir e muito foi na ‘não-romantização’ dos vilões - uma verdadeira antítese de um padrão criado pela indústria audiovisual nos últimos tempos. Ainda que cada um tenha sua causa no game, fica difícil ter “pena” de quem advoga em causa própria quando a coisa esquenta durante os embates com os amigos da vizinhança.
Outro aspecto que faz esse jogo furar bolhas e quebrar paradigmas são seus mini-games. Temos, entre um puzzle e outro, discursos sobre cuidados com o planeta e até mesmo aulas de química orgânica. Isso sem falar na bandeira da igualdade de gênero, que surge como um soco no estômago dos redpills e incels de plantão.
Perguntei ao meu filho, assim que fechamos o game, se ele gostaria de ler uma história em quadrinhos baseada no universo do game ou mesmo uma que colocasse no papel o que se passa no jogo e ele me respondeu sem pestanejar: “com certeza, pai”.
Gráficos insanos
Um jogo de vídeo-game, para ser épico, não precisa de gráficos ultra-realistas. Do contrário, Super Mario World e Donkey Kong Country 2, ícones de gerações passadas, não estariam no top 5 de melhores games que já joguei na vida. Contudo, em Spider-Man 2, o realismo gráfico é simplesmente a cereja do bolo.
Passear por nova Iorque - seja a pé ou se balançando pelos prédios, fazendo malabarismo - é de cair o queixo para quem possui uma TV que suporte o que o jogo tem a oferecer. Outro ponto que impressiona é o fato de cut-scenes e gameplays se confundem o tempo inteiro deixando o jogador muitas vezes sem acreditar que o que está rolando é mesmo um game e não um live-action.
E o Spider-Man 3?
Terminando o jogo, olhei pro meu filho e o abracei. Ficamos nos entreolhando, pensando nas duas cenas pós créditos do game e calculando quando podemos ver a continuação de Spider-Man 2? Será que ainda teremos esse jogo nessa geração de consoles? Esperamos que sim, porque o gosto de quero mais está mais denso do que as teias de Miles e Peter quando essa dupla se junta pra caçar vilões.
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