Quando Nasce a Autoestima - A Importância de valorizar-se

Tem quadrinhos que nos fazem entretém apenas por nos distrair do mundo lá fora, e tem quadrinhos que nos fazem pensar e questionar as coisas como elas são. No caso de Quando Nasce a Autoestima? Me vi nos dois mundos, com uma leitura gostosa, cativante e, ao mesmo tempo, questionadora, Regiane Braz e Jefferson Costa lançada pela Editora Trem Fantasma me tiraram da minha zona de conforto. Com um roteiro e artes sensacionais, esse quadrinho surge como uma flecha aos leitores.

Não é segredo para ninguém que ser negro, mulher no Brasil é sinônimo de uma luta diária para conseguir vencer, agora ser Mulher negra é elevado a quinta potência. Não é nada fácil conviver com a desconfiança com a insegurança e me parece que sempre precisam provar algo a alguém. Foi assim que me senti lendo Quando Nasce a Autoestima. Um quadrinho simples, mas complexo, bonito, porém pesado, praticamente uma aula de como é ser mulher negra no Brasil. 

Aqui somos levados a conhecer a história de Bia… ou Neguinha, como era chamada por sua mãe e passamos a conhecer e aprender com seus traumas da infância e como isso moldou sua formação como mulher. Tendo que lutar e lutar para encontrar respeito e seu lugar ao sol. Interessante saber que uma obra como essa pode inspirar diversas pessoas a lutarem e se encontrar com o verdadeiro eu. Toda essa bagagem faz a história de Bia ser algo forte, imponente e, ao mesmo tempo, triste e desolador por imaginar que todos os dias milhares de crianças e mulheres passam por isso, e muitas delas não têm forças para reagir. 

O mais interessante é acompanhar todo o desenvolvimento e entender que mesmo assim, mostrando-se forte, Bia carrega traumas que muitas vezes é impossível de superar, principalmente quando eles vêm de sua própria família que por vezes menosprezam a forma do seu cabelo, da sua cor e de sua vida. Esses desafios ficam ainda maiores quando não se tem o suporte necessária, mas mesmo assim você precisa lutar para continuar e foi isso que Bia fez, lutou e mostrou como é possível superar adversidades e recuperar sua autoestima, afinal autoestima significa - a capacidade de uma pessoa avaliar-se a si mesma e de valorizar ou não a sua identidade. E foi isso que Bia fez, valorizou sua vida e mostrou como se faz.

Essa jornada mostra que vencer nem sempre é um caminho fácil, mas que durante o percurso o importante é se valorizar e entender que você é suficiente e gostaria de ser chamada por seu próprio nome, e representa milhões.

São histórias como essa que nos fazem continuar a lutar....

Como o próprio posfácio de Ana Cardoso “Esta obra é sobre se conectar com os iguais por meio de nossas próprias histórias. Sobre entender que essa dor não é só sua, é nossa! Passar cada página é como dividir um fardo pesado com os autores. Quando Nasce a Autoestima? bagunça algumas emoções reprimidas e mostra a necessidade de se reerguer mais uma vez. Porque nós somos incríveis. Só não nos ensinaram isso! ”

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