Há muito tempo venho observando uma tendência preocupante na maneira como consumimos quadrinhos. Baseado em minha observação empírica de posts no Instagram, conversas em grupos e eventos, percebo que a compra dos quadrinhos tem se tornado mais importante do que a leitura em si. Confesso que também faço parte dessa dinâmica. Mas onde quero chegar com isso? Se você dedicar um tempo rolando o feed do Instagram, verá que cerca de 70% do conteúdo é de pessoas abrindo caixas, recomendando compras sem qualquer conhecimento sobre o conteúdo dos quadrinhos, ou pior, incentivando o consumo desenfreado.
Aqui faço uma crítica, inclusive culpando em partes às editoras, que muitas vezes incentivam o consumo de quadrinhos apenas para aumentar as vendas. Claro que as editoras têm o objetivo de vender, afinal, é assim que se sustentam. Porém, ao criarmos mais consumidores do que leitores, estamos diminuindo a quantidade de pensadores, aqueles que leem obras, discutem e dão opiniões sobre o conteúdo das histórias, não apenas sobre como os quadrinhos ficam bonitos na estante. É sabido que o consumismo desenfreado é prejudicial, levando muitas pessoas a se endividarem para adquirir algo que muitas vezes não é necessário naquele momento.
Essa bolha de pessoas que alimenta, mesmo que inconscientemente, o consumo de quadrinhos apenas para manter uma base de seguidores, muitas vezes não compreende o mal que estão fazendo. A problemática desse movimento no universo dos quadrinhos é ainda mais impactante, pois estamos falando de um produto que precisa ser consumido, ou seja, lido, para que se obtenha algum proveito. Quando as pessoas compram quadrinhos e não os leem, ou simplesmente adquirem os produtos, a obra perde seu propósito de existir, tornando-se algo estático, que não alcança seu objetivo inicial. É fundamental resgatarmos o valor da leitura e da apreciação do conteúdo das obras, em vez de apenas incentivar o consumo desenfreado baseado em modismos e aparências.
Deixo essa reflexão, o que adianta ter um livro lindo, se não sabe do que se trata a história? O quanto você colabora para disseminar o conteúdo que o autor passou meses trabalhando, para ficar enfeitando sua estante?
Reflita sua relação com a leitura e consumismo, e comente o que acha sobre o assunto
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