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  • Foto do escritorRonaldo Gillet

Poulbots: Desventuras infantis às vésperas da Primeira Guerra Mundial

Poulbots, quadrinho recém-lançado pela Taverna do Rei, comprova que a editora não está para brincadeira no mercado tupiniquim de quadrinhos. Originalmente publicado por Patrick Prugne no final de 2014, na França, o quadrinho retrata infâncias tragadas pelas animosidades que se formavam no continente europeu nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial.

A trama se desenrola no coração de Montmartre, onde cinco crianças nada abastadas, conhecidas como ‘os pequenos Poulbots, enfrentam um promotor imobiliário corrupto determinado a desalojá-los de seu lago de sapos. Bismarck, o sapo reprodutor, é símbolo de esperança para os jovens protagonistas: Manon, Barbante, Tampinha, Gelatina e Marco.


Nesse contexto, pode-se fazer uma analogia sutil com o 'Ch'an Chu' ou 'Sapo da Prosperidade' da cultura chinesa. Assim como o lendário sapo-boi do oriente, que é representado segurando uma moeda na boca e sentado sobre uma pilha de riquezas, as crianças retratadas por Prugne alimentam seus anfíbios com doses homeopáticas de inocência - o que acaba resultando em um lapso de prosperidade em meio às adversidades com as quais precisam lidar.

A profundidade da situação das crianças desabrigadas, enfrentando a ganância e a corrupção dos adultos retratados no quadrinho, é comparável também aos eventos devastadores em que guerras que insistem em ser cenário para a humanidade ainda nos dias de hoje, deixando inúmeras meninas e meninos refugiados. Não é exagero dizer que essas crianças são vítimas completamente indefesas de uma mentalidade colonialista que prioriza o lucro em detrimento da dignidade humana.


Cartaz original de Francisque Poulbot

Pelas mãos de Patrick Prugn, os Poulbots têm o surgimento de seus traços e até mesmo as escolhas aquareladas dos cenários onde se encontram, em uma homenagem direta ao pintor francês Francisque Poulbot (1879-1946), também nascido em Montmartre. Francisque era dono de uma notável coleção de azulejos e cartazes onde retratou a vida dos meninos em situação de rua de sua cidade natal - o que podemos ver nos extras do quadrinho.


Patrick Prugne - Divulgação

Ao longo de 80 páginas, Poulbots não apenas destaca o pequeno grupo de ‘batutinhas’ como heróis, mas também oferece uma série de pequenas histórias entrelaçadas com o mundo real de pano de fundo. Por meio da arte sublime de Patrick Prugne, o álbum ganha vida, retratando com maestria o charme e a complexidade de Montmartre e seus habitantes. Por fim, ouso dizer que temos aqui uma leitura que cativa não apenas pelos belos traços, mas também pela mensagem atemporal que carrega.


Outro ‘ouro’ da Taverna do Rei

A editora Taverna do Rei nasceu no comecinho de 2024, fazendo sua estreia com o volume um da hq Ramirez tem que Morrer, de Nicolas Petrimaux. No enredo, Jacques Ramirez, um técnico de aspiradores no Arizona, vê sua vida tranquila desmoronar quando é confundido com o lendário pistoleiro mexicano que traiu um dos maiores cartéis do país.


O quadrinho, escrito por Nicolas Petrimaux, é uma homenagem aos filmes de ação dos anos 80 e 90 e traz referências a clássicos do cinema como "Viver e Morrer em Los Angeles", de William Friedkin, "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino, e a "Trilogia Mariachi", de Robert Rodriguez.


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