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Pontos Fracos – Crítica

  • Foto do escritor: Carlos Pedroso
    Carlos Pedroso
  • 17 de jun.
  • 2 min de leitura

Sabe aquele quadrinho que você começa a ler sem grandes expectativas? Você conhece o estilo, imagina que possa gostar, mas não leva tão a sério assim. Pontos Fracos, de Adrian Tomine, foi exatamente isso para mim, um quadrinho que não promete nada, mas entrega tudo. Tomine constrói uma narrativa tensa, cativante e, de quebra, te coloca na pele do protagonista. Afinal, quem nunca complicou a própria vida?

A história gira em torno de Ben Tanaka, um asiático-americano que lida com as angústias da vida adulta, o sentimento persistente de que poderia ter sido mais — se ao menos tivesse se esforçado. Ben é obcecado por seus próprios fracassos, profundamente crítico, irônico, e um canalha assumido. Mesmo com um emprego estável e uma namorada, ele é o tipo de pessoa que nunca está satisfeita. Sempre acredita que merece mais, ainda que não saiba o quê.



Ben também é um mestre em sabotar a própria vida. Seu pessimismo e autossabotagem são tão intensos que sua namorada, Miko Hayashi, começa a suspeitar que ele tenha aversão à própria identidade asiática e uma preferência mal disfarçada por mulheres brancas. Essa suspeita gera discussões acaloradas e desencadeia uma crise no relacionamento. Quando Miko decide se mudar de cidade e dar um tempo, Ben embarca em uma jornada tragicômica e autodestrutiva, revelando, ao longo do caminho, suas falhas mais íntimas.


Situada entre a Califórnia e Nova York, a narrativa de Tomine vai muito além do drama pessoal. Ela confronta visões simplistas sobre identidade e raça, explorando as contradições entre o autoconhecimento e as pressões culturais. Com críticas sociais afiadas, realismo contundente e um humor ácido, o autor nos provoca a encarar nossos próprios preconceitos, falhas e contradições, aquelas que preferimos esconder.

Ao longo da obra, Tomine aborda temas como a angústia da vida adulta, os dilemas de identidade e a incapacidade de valorizar o que se tem. Tudo isso com uma acidez e um sarcasmo que tornam a leitura incômoda e, por isso mesmo, necessária. Pontos Fracos nos mostra como as pessoas têm uma habilidade impressionante de arruinar suas próprias vidas, mesmo quando isso parece ser a coisa mais difícil de se fazer.


Sem dúvidas, Pontos Fracos me surpreendeu e me fez refletir. Acho que todos nós temos um pouco de Ben Tanaka dentro de nós, mesmo que nem sempre tenhamos coragem de admitir.


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