Em Ouço os Raios de Luz da editora Newpop, acompanhamos Kouhei um universitário que teve perda parcial da audição, o que o leva aos poucos a se afastar das pessoas. É comum ver em tramas com protagonistas que possuem alguma deficiência ou déficit, compartilharem aspectos psicológicos vistos nos consultórios psicológicos.
Aqui não é diferente, Kouhei ao se descobrir com uma deficiência precisa passar por um luto, do qual ele resiste em boa parte do mangá. Percebemos no protagonista também um déficit na comunicação, pois na medida em que ele ainda não aceitou a sua nova realidade, ele mesmo acaba criando situações e barreiras que lhe afastam das pessoas ao seu redor.
Por imaginar que as pessoas não vão lhe compreender – e de fato, muitas não vão, ele acaba se isolando e, ao se isolar, ele acaba reforçando uma crença pessoal que ninguém lhe entende e que as pessoas só aproximam dele por alguma conveniência.
Sem perceber, ele acaba alimentando um ciclo de isolamento e solidão sem ao menos se permitir, de fato, a construir novos vínculos e deixar que os outros tirem suas próprias conclusões.
No fim, o mangá se trata de aceitação de uma nova realidade e a busca por formas de se adaptar ao que essa nova realidade lhe demanda. Em sua jornada de amadurecimento, Kouhei vai ressignificando sua deficiência com o apoio – mesmo sem perceber, de Taichi e suas provocações.
Por mais que esse mangá seja do gênero Boys Love, romance entre homens, o foco não é nem um pouco sobre a possível relação dos dois, mas sim no processo de aceitação de Kouhei, seus desafios, muito deles auto impostos, para sair do isolamento e da solidão que o mesmo acabou escolhendo para si.
Por mais que lá fora esse mangá possui 5 volumes, sem previsão de serem lançados por aqui, no que se propõem essa trama, ela se encerra em si mesma, o desenvolvimento da relação entre os dois, ficam para os demais volumes está tudo bem. Aliás, o mangá recebeu um longa Live-Action em 2017.
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