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Em busca de uma cura para uma doença que não existe


Lançada pela Editora Conrad em 2023, em 332 páginas a versão definitiva de Bendita Cura, que conta a história de Acácio do Nascimento, um garoto diferente dos outros. Ele preferia brincar de boneca a jogar futebol, o bambolê lhe interessava mais que carrinhos e pistolas de cowboy. Assustados com a possibilidade de seu filho ser homossexual, seus pais o submetem a diversos “tratamentos” para que se torne um menino normal como os demais.


Publicado agora em uma edição definitiva pela Conrad, esse sucesso do premiado autor Mário César acompanha os desafios em se crescer LGBTQIA+ em diferentes ambientes.


Com sensibilidade, Mário mostra o embate em tentar se curar daquilo que você é. HQ finalista do Prêmio Jabuti de Histórias em Quadrinhos e vencedora do Troféu HQ Mix.


Infelizmente, ainda em pleno 2023 encontramos discursos retratando a identidade homossexual como um desvio, anormalidade e, para alguns até como uma doença.

A homossexualidade, no caso o “homossexualismo” era considerado um doença e estava presente nos manuais de diagnósticos de transtornos mentais até 1973.


Só a partir desta data que se repensou a homossexualidade como sendo uma forma de experiência e de expressão humana, tão positiva quanto a identidade heterossexual.

Desta maneira o olhar dos profissionais estavam voltadas para tratar algo natural como uma doença e a hq retrata vários destes lamentáveis tratamentos, causando sequelas psicológicas e sofrimento emocional intenso para o protagonista.


É triste pensar que muitas pessoas ainda enxergam a homossexualidade como algo a ser tratado, ainda pior, vendendo soluções e curas gays para algo que não precisa de cura, mas sim de aceitação e respeito.


Para quem está esperando algo parecido com Heartstopper, esqueça. Em Bendita Cura encontramos algo bem mais próximo da nossa realidade nua e crua. Uma narrativa não aconselhada para menores de 18 anos, mas que dialoga muito bem com o público mais velho que viveu o período em que se passa a trama.


Ao retratar o sofrimento existencial do personagem, observamos como o desenvolvimento da identidade homossexual se mostra interrompido devido a homofobia e a violência, muitas vezes, presente em nossa sociedade.


Uma leitura profunda e realista, acerta em retratar a realidade dos homossexuais em décadas passadas, mas que reflete e dialoga muito até os dias de hoje, mas de formas um pouco mais veladas.

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