
"É Solitário no Centro da Terra" quadrinho autobiográfico da Zoe Trohogood, que conta tanto com os desenhos quanto os roteiros dela, conta um pouco da sua vida enquanto artista na pandemia, e com depressão. Mas diferente das biografias de quadrinistas, que exaltam suas lutas, qualidades e às vezes defeitos, com o intuito de servir como uma referência para os leitores que são artistas, e até mesmo para fazer os assíduos nos quadrinhos amarem sua jornada e sua arte, pois agora entendem o quão essa pessoa é querida. Longe disso!
Trata-se de um quadrinho para mostrar a luta da personagem (e autora) contra a depressão e a tentativas de su1cíd1o.

Contudo, diferente do que é visto em histórias que retratam a depressão, não há especificamente uma "linda história de superação" onde são vistos conselhos maravilhosos sobre superar a doença que é o mal do século, um retrato como grande exemplo de superação, que servirá para os dias atuais e futuros. Não! (E isso é bom).
A autora tomou a liberdade de escrachar totalmente sua vida neste quadrinho. Desde seus pensamentos, atitudes, relacionamentos pessoais (bem íntimos), momentos da carreira, sem filtro algum. E claro, a partir disso ela zoa com o leitor, o criticando diversas vezes por esperar algo bonito, motivacional, para "tentar se conectar" ou até de gostar de ver a desgraça humana, como num reality show.

Mas não, também não é algo completamente destrutivo e "diferentão". É uma leitura subjetiva, que mostra o que é de fato a depressão e ansiedade, servindo para além daqueles que sofrem da doença, mas indo além, para aqueles que não tem, como um alerta para o que de fato, é.
Explorando a arte com diversos quadros Preto e Branco, coloridos, arte com colagens, psicodélicas, entre tantas outras, a mescla é possível pois a mesma pessoa quem escreve, faz os desenhos, realizando assim uma sincronia perfeita. Se fosse uma dupla criativa, talvez não seria possível tamanho exatidão no elo entre imagem e letra.
Dito isto, a Zoe utiliza do drama mais como um elemento da narrativa, para que o "drama" dos quadrinhos, seja realizado de forma ímpar.
E para além de toda o êxtase narrativo que o leitor irá ter ao conferir o quadrinho, ele verá uma mensagem muito singular das demais sobre o tema, mas um jeito único que somente a Zoe percebeu. E somado ao elemento autobiográfico, capaz de nos ensinar através dos erros dos outros, é que seguiremos como pessoas melhores.
"É Solitário no Centro da Terra" é o quadrinho que não te dá resposta alguma, e ainda assim, você sai cheio de respostas. Você não sai vendo a vida positiva, mas sai esperançoso, entendendo que, com as atitudes certas, a vida pode ser melhor.

Não vá para esse quadrinho na espera de algo motivador, mas tenha esse ponto lá no fundo. Mas venha como se fosse numa exposição: uma obra de arte do qual há vários significados, que ao investigar, transformará a sua ótica de vida.

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