Dois dos detetives mais icônicos da nona arte, Batman e Dylan Dog finalmente se encontram em “A sombra do morcego”. Neste crossover, eles precisam colaborar para descobrir por que o Coringa foi parar em Londres e, claro, acabar com os planos malignos do vilão, que não só conta com o apoio do Dr. Xabaras, arqui-inimigo do investigador do pesadelo, mas também tem outras cartas na manga. DC e Bonelli unem forças numa HQ de peso, e resta descobrir se o resultado foi satisfatório.
O roteiro de Roberto Recchioni traz muitas surpresas, incluindo aparições inesperadas de personagens dos dois universos, e desdobramentos inusitados que têm tudo a ver com o protagonista bonelliano, como mortos que voltam à vida. Mas não ficou forçado; praticamente tudo tem seu motivo pra estar ali, apesar de um ou outro personagem ser dispensável para o andamento da trama. Considerando que crossovers entre mundos tão distantes raramente fazem muito sentido, Recchioni conseguiu um belo feito aqui: uma história bem amarrada e coesa, que inclusive traz um prólogo para justificar o entrelaçamento desses universos. A arte de Werther Dell'Edera e Gigi Cavenago eleva a obra, com um estilo mais puxado para os comics (principalmente nas cenas de ação cheias de onomatopeias), mas que não tira a essência fumetti de Dylan Dog. As cores de Cavenago, Giovanna Niro e Laura Ciondolini são irretocáveis, o toque final para assegurar a qualidade do gibi.
De acordo com o texto inicial de Recchioni, a intenção dos autores era mostrar que, mesmo vindo de realidades distintas e tendo personalidades bem dissonantes, os dois heróis têm mais em comum do que imaginamos. Isso fica bem demonstrado, ao mesmo tempo que as diferenças entre os personagens também são aparentes, como a pose de bom-moço e sabe-tudo do Batman em contraste com o charme sarcástico de Dylan Dog. Considerando todos esses aspectos, é possível afirmar que a mistura ficou boa e o crossover funciona muito bem até para quem não acompanha algum desses universos.
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